Estudo da Fiocruz mostra técnica promissora contra câncer de mama

Estudo da Fiocruz mostra técnica promissora contra câncer de mama

Pesquisadores utilizaram nanopartículas de óxido de ferro com baixa toxicidade para células saudáveis, baixo custo e que podem ser produzidas em escala

A imunoterapia, tratamento contra o câncer que estimula o sistema imunológico para combater a doença, é considerada uma técnica revolucionária e que salva vidas, tanto que foi laureada com o Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina em 2018. Mesmo com esse mérito, continua sendo estudada e aprofundada. O achado mais recente vem da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Minas, onde um grupo de pesquisadores mostrou que, com a reprogramação de células de defesa do organismo utilizando nanopartículas de óxido de ferro, é possível bloquear o crescimento de células malignas causadoras do câncer de mama.

No estudo, os pesquisadores realizaram a alteração do perfil dos macrófagos, levando em consideração que aproximadamente 50% da massa tumoral é composta por esse tipo de célula do sistema imunológico. São dois tipos dessas estruturas: M2, mais anti-inflamatório, e M1, com características pró inflamatórias e mais eficaz para combater a progressão dos tumores. O grupo reprogramou os macrófagos M2 e os transformou em M1. Assim, os cientistas conseguiram inibir o desenvolvimento do tumor. Os resultados foram publicados no International Journal of Pharmaceutics.

“Por meio de uma ampla revisão da literatura sobre o tema, vimos que as nanopartículas de óxido de ferro tinham potencial para atuar na reprogramação do fenótipo de macrófagos. Então, a ideia foi transformar M2 em M1, por meio de tratamento local, realizado diretamente no tumor, o que permitiu um controle maior em relação a intervenções sistêmicas”, diz, em nota da entidade, Camila Sales Nascimento, pós-doutoranda do grupo de Imunologia Celular e Molecular que esteve à frente do projeto.

As nanopartículas de óxido de ferro usadas no estudo, produzidas pela Fiocruz Minas, têm baixa toxicidade para células saudáveis, são de baixo custo e podem ser produzidas em escala.

Em experimento in vitro, as células tumorais de mama morreram após a introdução das nanopartículas. Em camundongos, a equipe utilizou células cancerígenas em grupo de animais e as nanopartículas em outro. Eles ficaram em observação por 21 dias e, depois desse período, houve redução de cerca de 50% da massa tumoral nas cobaias que receberam o tratamento.

A estratégia deve continuar sendo estudada e a meta é desenvolver futuras estratégias complementares para o tratamento do câncer de mama, doença que, no Brasil, teve 73.610 novos casos estimados em 2022 e 18.032 mortes, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA).

Fonte: Veja

Por: Paula Felix

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Marleth Silva

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